Devemos, primeiramente lembrar o que é um morfema e um morfe. Morfema é a menor unidade significativa, tendo o morfe como manifestação material do morfema. Agora para entendermos o morfema zero fica mais fácil, pois ele acontece quando há ausência do morfe, porém sem excluir a presença do morfema manifestada apenas pelo sentido da palavra, ou seja, é uma espécie de morfema subentendido, implícito.
Peguemos como exemplo o verbo "levar" conjugado no presente do indicativo no quadrinho abaixo, presente na frase "o que eu levo?".
Em lev-o temos a presença da raiz lev- e a desinência número-pessoal -o, que por elisão tira a vogal temática -a-. Porém não há a presença material da desinência modo-temporal para representar o presente do indicativo, e este continua presente no significado do verbo flexionado "levo". Aqui e desinência modo-temporal deste tempo é o morfema zero.
Há a presença de morfema zero como marca numero-pessoal, da primeira e terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo. Conjuguemos o verbo "enganar" presente no segundo quadrinho para este tempo.
Engana-va- morfema zero.
Engana-va-s
Engana-va- morfema zero.
Enganá-va-mos
Enganá-ve-is
Engana-va-m
-va- é a desinência modo-temporal. -s,-mos,-is e-m são as desinências numero-pessoais da segunda pessoa do singular, da primeira, segunda e terceira pessoa do plural respectivamente. Não tendo marca a primeira e terceira pessoa do singular, fica sendo o morfema zero a desinência número-pessoal de ambos.
Também podemos consideram o morfema zero presente nos alomorfes de plural. Pois para além dos casos em que acrescenta-se /-s,-es,-is/ existe o caso de palavras que possuem o s em seu final, como ônibus.
Ora a única diferença perceptível entre ônibus, singular, para ônibus, plural é a presença do contexto como em:
O ônibus atrasado / Os ônibus atrasados, porém o sentido de plural atribuído ao termo da segunda frase é justamente a presença do morfema zero.
Bibliografia:
Petter, Margarida Maria Taddoni. "Morfologia" em Introdução à Linguística II: princípios de análise/ José Luiz Fiorin. 4.ed., 3ª reimpressão - São Paulo: Contexto, 2010.
Bom trabalho. Parabéns!
ResponderExcluirLegal! Mas e a relação entre os sentidos da tirinha e a Morfologia?
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